quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A pantera que queria dar à luz

Para Rose Benedita

Em uma selva distante, um lugar especial na natureza, rico e bonito, vivia uma pantera chamada Rosi. Ela ajudava as panterinhas da comunidade brincando e ensinando-as a explorarem e aprenderem mais sobre o ambiente. Certo dia, ela começou a sentir-se mal como se estivesse profundamente doente. Então, ela percebeu que precisava sentir mais paixão em seu viver.
Logo depois, ela conheceu seu parceiro e juntos tiveram um filho. A vida de Rosi encheu-se do sentimento mais completo e maravilhoso que um ser pode sentir. Durante um tempo, ela voltou a sentir felicidade e satisfação por cuidar de seu filhote e também por ensinar as panterinhas da região.

Passado um tempo, Rosi começou a desejar algo diferente em sua vida, mas não sabia o quê. Só sabia que queria fazer algo especial e importante para sua espécie. Que não queria ser como outras que eram acomodadas, e, portanto, medíocres. Então, ela decidiu fazer uma viagem rumo à uma montanha perto da região, a qual ela nunca tinha visitado.

E nessa viagem, ela teve a experiência de ficar sozinha, com suas indagações, e também de estar perto de outros animais. Na montanha, ela pode sentir o prazer de sentir o vento sobre seu rosto. Pode ver melhor a liberdade por meio dos voos dos pássaros. E de tantas reflexões, já ficando cansada, Rosi parou em um local da montanha e avistou uma grande pedra. Após um tempo de descanso, ela resolveu escrever nessa pedra sua experiência de vida, e sua grande questão.

Depois disso, ela resolveu voltar à casa para junto dos seus. Para ter o prazer de sentir o conforto de seu lar e se esparramar prazerosamente.

Até que algo especial aconteceu. O conselho de panteras leu a história que Rosi havia escrito na pedra na montanha.

Então, resolveram convidá-la para viver um tempo com eles e juntos aprenderem mais sobre a vida, o ambiente e si mesmos, e assim, iluminar os caminhos de outros.

Rosi ficou muito feliz. No fundo, no fundo, ela soube que era o que buscava!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Orientações didáticas

Há algum tempo, recebi e-mail de um professor universitário mencionando que havia lido o texto de minha autoria "Dica didática: passos para a eficiência do processo ensino-aprendizagem" veiculado no jornal virtual da revista Profissão Mestre, Ano 6, nº 56. Ele solicitava mais orientações a respeito de uma boa condução do processo ensino-aprendizagem.
Compartilho aqui a resposta que eu enviei a ele.

Posso sugerir algumas indicações de leitura e tenho certeza de que serão úteis na ampliação dos saberes pedagógicos, imprescindíveis à atuação docente, tanto quanto o domínio de conhecimentos e dos saberes da experiência, que, conforme orienta Pimenta (1999),constituem os saberes da docência.
(...)
É importante delimitar o assunto de maneira que não sobrecarregue de informações a aula e que seja possível realizar atividade de avaliação da aprendizagem.
É importante também mudar a centralização do processo educativo no conteúdo e na capacidade de o professor transmiti-lo. Embora saibamos que é uma prática ainda bastante comum e empregada por meio das técnicas de ensino expositiva ou expositivo-dialogada, tributárias de um paradigma educacional tradicional.
Em um paradigma epistemológico construtivista, a aprendizagem significativa dos alunos passa a ser o centro do processo educativo.
E para que a aprendizagem seja significativa, no planejamento da aula devem-se prever diferentes formas de método, de estímulos e de formas de avaliação da aprendizagem. Neste último item, encontra-se a relação com a aplicação de um exercício simulado, pois explicita a intenção do candidato em verificar a aprendizagem.
Pontualmente, como dicas de elaboração de uma aula, fica a sugestão das cinco etapas prevista por Herbart:
1. preparação; 2. apresentação do conteúdo; 3. associação; 4. generalização; 5. aplicação.
Destaco que na etapa 1 é o momento de sensibilização para a importância do assunto.
Seguem-se outras dicas:
- começar apresentando os objetivos de ensino e logo após um sumário da aula;
- iniciar a abordagem do conteúdo por meio de indagações ou de uma situação-problema;
- trabalhar o conteúdo de maneira interativa;
- verificar a aprendizagem;
- encerrar a aula resumindo o que foi abordado e retomando os objetivos de ensino.

Referência
PIMENTA, Selma Garrido (org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 1999.

Além do texto citado acima, escrevi também o texto Como lidar com alunos problemáticos?, divulgado na mesma revista Ano 6, nº83.

Quem tiver interesse, enviarei os textos por e-mail.

sábado, 7 de agosto de 2010

Al Gore e a crise climática

Este vídeo apresenta mais informações a respeito da proposta de uma nova forma de ver o mundo e a vida com apoio do pensamento ecológico e complexo. Especificamente, trata a respeito das mudanças climáticas.
Como abordado no filme Ponto de Mutação, vivemos uma crise de percepção. Neste vídeo: vivemos uma crise climática. E no vídeo do Sir Ken Robinson, vivemos uma crise na educação e em recursos humanos...


http://www.ted.com/talks/al_gore_on_averting_climate_crisis.html

Sir Ken Robinson: Bring on the learning revolution! | Video on TED.com

Sir Ken Robinson: Bring on the learning revolution! | Video on TED.com

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Palomar na praia

Um conto que eu adoro e que reforça a ideia da importância das relações mais do que o objeto, ou fenômeno isolado, ou o fragmento em si, é o Leitura de uma onda, da obra Palomar de Ítalo Calvino, de onde extraio os trechos.
"[...] O senhor Palomar está de pé na areia e observa uma onda... no intuito de evitar as sensações vagas, ele predetermina para cada um de seus atos um objetivo limitado e preciso."
[...]
"Em suma, não se pode observar uma onda sem levar em conta os aspectos complexos que concorrem para formá-la e aqueles também complexos a que essa dá ensejo [...]"
[...]
"Prestar atenção em um aspecto faz com que este salte para o primeiro plano, invadindo o quadro, como em certos desenhos diante dos quais basta fecharmos os olhos e ao reabri-los a perspectiva já mudou."
[...]
CALVINO, Italo. Palomar. São Paulo: Companhia das letras, 1994.

Toda a obra é proveitosa para a construção de uma forma de perceber o mundo, a vida, a cultura, a sociedade, o ser humano, enfim, de uma maneira mais inter-relacionada e sistêmica, sem falar que é em linguagem literária agradável, emocionante e entusiasmante. Permite-nos aproveitar os contos com sensações, integradas com sentimentos e pensamentos.
Fica a sugestão de leitura!
Até.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A complexa teia do processo ensino-aprendizagem

Dia desses tive uma conversa com um professor que me fez pensar bastante durante e depois da conversa. Ele veio me pedir algumas orientações de como melhor proceder com relação a uma questão do momento, não me lembro bem agora, e aí, um ponto puxa outro, quando vi, estava fazendo uma breve exposição de conteúdos relacionados aos fundamentos da educação, filosofia da educação, sociologia da educação, psicologia e educação, didática, avaliação da aprendizagem, enfim, pudemos refletir sobre uma rede cheia de conexões.
Essa experiência reforçou a minha crença de que, atualmente, a sociedade se depara com complexos problemas que requerem uma solução sistêmica. Pouco se pode fazer quando na solução de um problema, resolvemos desprezar a influência de outros fatores.
...
Era uma vez uma escola diferente da maioria, voltada para a capacitação profissional. Apesar dos pontos em comum com outras escolas, seus personagens apenas visualizavam os componentes diferentes: que a escola era para jovens e adultos, o conteúdo era rígido, tradicional, uma doutrina antiga, e, portanto o único meio de ensiná-la aos novos integrantes da comunidade era por meio da transmissão, não havia o que 'reconstruir', não havia o que reinventar. Cabia aos professores dominar esses conhecimentos, bem como cabia aos alunos absorver os conceitos e procedimentos de forma mecânica e passiva para aplicá-los em situações profissionais futuramente. À despeito do que recomendam novos paradigmas teóricos e educacionais.
No processo de avaliação da aprendizagem, por meio de provas que privilegiavam a reprodução, certo professor percebeu que baixas notas sinalizaram um problema.
Ele começou a se lembrar do questionamento de uma aluna feito após a prova, o que revelou que ela não havia compreendido conceitos fundamentais e que a nota na prova seria muito baixa. A partir disso, ele começou a se lembrar do comportamento distante e aéreo dela em sala, durante as aulas preferencialmente expositivas.
Diante da constatação de possível insucesso escolar, o professor resolveu pedir orientação à equipe pedagógica.
Na análise da situação, professor e pedagoga se depararam com elementos que mantém relação com outros sistemas que integram esse complexo processo ensino-aprendizagem, mas que isoladamente não faziam muito sentido em estudos teóricos.
Eis os elementos e os sistemas a eles relacionados.
1. Influência da questão social e política. Os cursos eram voltados para a formação profissional, muitas vezes fazendo parte de processos seletivos, portanto, de caráter eliminatório. Predominavam valores como competição e classificação por notas, dentro de um processo púbico e democrático.
2. Influência da gestão educacional. O papel da escola está em atender necessidades corporativas, oferecendo capacitação profissional específica e exclusiva, por meio de uma cultura tradicional baseada em princípios como meritocracia, disciplina, ética, respeito às normas, dentre outros, em consonância com valores e princípios do ambiente corporativo.
3. Influência da filosofia educacional. A finalidade escolar converge para a disseminação de conhecimentos, técnicas específicas, procedimentos que formem profissionais dotados de alta qualificação e com perfil adaptado aos objetivos corporativos previamente estabelecidos. Nesse contexto, o papel do professor é o de transmitir esses conhecimentos, técnicas e procedimentos, e verificar a absorção deles pelos alunos. O resultado desejado diz respeito às competências ligadas ao registro, processamento e transmissão de dados e informações.
4. Influência da psicologia e do desenvolvimento da aprendizagem. Os profissionais responsáveis diretamente pelos trabalhos pedagógicos reconhecem a prioridade em capacitação nas suas áreas de conhecimento e atuação, e em conseqüência disso, o centro do processo educativo está no conteúdo e na sua transmissão, preterindo a capacitação continuada nos saberes pedagógicos e na compreensão dos processos de aprendizagem dos alunos, dos estímulos à motivação dos alunos para aprender, e das interações pessoais que conduzem ao compartilhamento e à construção coletiva de conhecimento.
5. Eficiência e eficácia pedagógica. A alienação docente quanto aos princípios filosóficos, políticos, psicológicos, sociológicos e pedagógicos nos quais se embasam a ação escolar conduzem a um pensar e fazer docente mecânico, autoritário, fragmentado, espontaneísta, e ineficaz. Em decorrência disso, o projeto pedagógico do curso vivido é diferente do planejado. Os resultados registrados em pesquisas escolares revelam a falta de coesão e coerência dos elementos didáticos como o conteúdo programático, a carga horária, os objetivos de ensino, a metodologia de ensino e a avaliação educacional.
6. A satisfação docente versus o incômodo e a sensação de frustração. Diante dessa teia de relações, os resultados do processo ensino-aprendizagem recaem sob a responsabilidade exclusiva do docente, bem como a transformação do investimento no processo de capacitação em valor de desempenho profissional para a organização. Atropelado pela contradição gestão versus educação, e tributário de uma concepção cartesiana e positivista de visão de mundo, de conhecimento, de homem, e de ensino-aprendizagem, o professor experimenta e vivencia as situações de fracasso do aprendiz, o que o leva a por em xeque o sentido da sua atuação profissional.
Diante da compreensão da rede que pode ser estabelecida a partir de um problema, no caso o baixo rendimento de uma aluna, pode-se perceber com essas relações que uma mudança é possível, mas precisa ser operada considerando conscientemente a influência de inúmeros elementos. Com essa compreensão possibilitada pela contínua reflexão, decorre a elaboração criativa de soluções sistêmicas, que dêem conta da complexa realidade que se descortina, à medida que direcionamos um olhar investigativo e curioso sobre ela.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Precisamos de uma nova forma de ver o mundo

Eu gosto muito da figura do monte Saint-Michel (França) porque ele é retratado no filme Ponto de Mutação, indicando uma nova forma de vermos o mundo, tal como detalhadamente abordado no livro The Turning Point de Fritjof Capra. O autor revela que os avanços técnicos, tecnológicos e científicos etc., não foram acompanhados por mudanças na forma de solucionarmos problemas sociais, econômicos, e enfim, globais. Conforme trecho do filme: 'o mundo muda mais rápido que a percepção das pessoas'. E assim, o esforço que grupos políticos, profissionais, econômicos, e a sociedade como um todo, têm realizado para solucionar problemas pontuais, são ineficientes e eficazes, à medida que geram outros problemas. Como diz o ditado popular: descobre um santo para cobrir outro. Aliás, didato popular que vem a calhar com o enredo da história que apresenta em um determinado momento uma discussão entre as personagens sobre a frase inscrita no alto da parede da porta de entrada:  "nenhum santo se sustenta só"!
A partir dessa frase, toda uma proposta de nova ciência é abordada na obra.
Com esse novo paradigma científico, surgem algumas questões, bem como surgem novas e urgentes formas de se pensar e de se fazer educação, que vem influenciar o cotidiano escolar e a sala de aula.
Após ter assistido a esse filme pela enésima vez, minha forma de estudar os assuntos relacionados a educação, e de pensar o desenvolvimento humano e a relação humana com o mundo, tudo mudou radicalmente. E ainda que solitariamente, milito pela evolução humana com responsabilidade, e, consequêntemente, por uma sociedade global mais justa e mais harmônica com o planeta. Conforme mais um trecho do filme: 'não evoluímos no planeta, evoluímos com o planeta'.
A nossa percepção de mundo, de si mesmo, do outro, ainda é bastante fragmentada, tal como nos foi ensinado durante muitos anos na escola, e vivenciado na sociedade. Percepção tributária do paradigma científico cartesiano.

Por enquanto é só!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Teoria e prática

Para iniciar minhas publicações neste blog, eu pretendia encontrar um material de faculdade, se não me engano dos primeiros semestres do curso de pedagogia, e iniciar de maneira mais acadêmica, com conceitos, citações de autores consagrados na academia, e coisas do tipo.
Mas, para não protelar mais a postagem de abertura, resolvi escrever um fato recente na minha vida.
Tenho uma amiga que está cursando o 3º semestre de pedagogia, e na última sexta-feira ela me relatou que está gostando bastante do curso, só que algumas vezes se sente aflita nas leituras de alguns textos, pois entende que a teoria é maravilhosa, mas quando ela volta seu foco de visão para a realidade, para o cotidiano escolar, para as relações entre professores e alunos, e entre os atores da escola, ela percebe uma forte discrepância.
Então, a teoria se presta somente para os devaneios utópicos.
Esse comentário dá pano pra manga.
Mas, vamos em frente!