terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Qual educação?



"... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo coração.
Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma que a nossa.
... Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas no Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltaram para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida na floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão, oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns de seus jovens que lhes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles, homens.”
Esse é um trecho de carta escrita por chefe indígena por ocasião do tratado de paz que Virgínia e Maryland (Estados Unidos) assinaram com os índios das Seis Nações.
Cada sociedade decide que tipo de cidadão deseja formar e a educação se encarrega disso. Na sociedade democrática atual, a prioridade deve ser consolidar a inclusão social e legitimar valores democráticos.


quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

A travessia do rio


Em um largo rio, de difícil travessia, havia um barqueiro que atravessava as pessoas de um lado para o outro.
Em uma das viagens, iam um advogado e uma professora.
Como quem gosta de falar muito, o advogado pergunta ao barqueiro:
- Meu caro barqueiro, você entende de leis?
- Não, senhor - responde o barqueiro.
E o advogado, compadecido:
- É uma pena... Você perdeu metade da vida!
O barqueiro nada responde.
A professora, muito social, entra na conversa:
- Seu barqueiro, o senhor sabe ler e escrever?
- Também não sei, senhora - responde o remador.
- Que pena... - condói-se a mestra. Você perdeu metade da vida!
Nisso, chega uma onda bastante forte e vira o barco.
O canoeiro, preocupado, pergunta:
- Vocês sabem nadar?
- Não! - responderam eles rapidamente.
- Então, é pena... - conclui o barqueiro. Vocês perderam toda uma vida!
Desconheço o autor
"Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes". (Paulo Freire)


Onde está a sabedoria que se perdeu com o conhecimento?

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Carta de Abrahan Lincoln ao professor de seu filho


"Caro professor, ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas por favor diga-lhe que, para cada vilão há um herói, que para cada egoísta, há também um líder dedicado, ensine-lhe por favor que para cada inimigo haverá também um amigo, ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada, ensine-o a perder, mas também a saber gozar da vitória, afaste-o da inveja e dê-lhe a conhe cer a alegria profunda do sorriso silencioso, faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros no céu, as flores no campo, os montes e os vales.
Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que a derrota honrosa vale mais que a vitória vergonhosa, ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos.
Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.
Ensine-o a ouvir todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho, ensine-o a rir quando estiver triste e explique-lhe que por vezes os homens também choram.
Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão.
Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço, deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.
Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens.
Eu sei que estou pedindo muito, mas veja o que pode fazer, caro professor."

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Conhece-te a ti mesmo

No mesmo pensamento, o Ph.D John Gottman lançou o livro Inteligência Emocional e a Arte de Educar nossos Filhos, em que apresenta a aplicação dos conceitos da teoria na relação entre pais e filhos.
A partir de estudos, entrevistas e observações, desde 1986, Gottman vem desenvolvendo a proposta de que os pais sejam preparadores emocionais dos filhos, e assim, as crianças possam ser mais saudáveis emocionalmente, e, posteriormente, possam se tornar adultos mais saudáveis e bem sucedidos. Desta obra, extraiu-se o trecho:
"
Na última década, a ciência descobriu muita coisa sobre o papel da emoção em nossa vida. Os pesquisadores verificaram que até mais do que o QI, a percepção emocional e a capacidade de lidar com os sentimentos determinam o sucesso e a felicidade da pessoa em todos os setores da vida (...)" (p.20, 8a. ed., 1997)

A teoria tem alguns pontos em comum com a Inteligência Intrapessoal, de Gardner, hipotetizador da Teoria das Inteligências Múltiplas.

Verdade seja dita, estamos dissociados de nós mesmos. Temos dificuldades em reconhecer as próprias emoções e os sentimentos, e de dar uma direção inteligente a eles. No entanto, nossos comportamentos são constantemente influenciados pela razão e pela emoção. A nossa percepção de mundo junto com o diálogo interno interagem influindo na saúde física, psíquica e intelectual.
Mas, quão distante está a humanidade de atingir essa consciência e essa inteligência?

Sucesso depende da 'inteligência emocional'

Em matéria da Folha de São Paulo, de 24 de setembro de 1995, com o título deste post, o mesmo Gilberto Dimenstein comentou as pesquisas produzidas nos Estados Unidos acerca da "inteligência emocional", um novo conceito surgido nas pesquisas do Ph.D Daniel Goleman, ex-professor de Harvard, autor do livro Inteligência Emocional, lançado na mesma época nos EUA. O conceito veio ampliar as antigas e rígidas crenças no QI, que influenciou escolas, empresas, administração pública, e várias áreas da ciência.

Crianças e autocontrole - inteligência emocional

Gilberto Dimenstein comentou hoje na CBN um recente estudo que aponta que crianças que conseguem lidar melhor com a frustração tendem a ter sucesso e bons empregos.
Para ver a matéria no site, o acesso é:


http://catracalivre.folha.uol.com.br/2011/06/o-sucesso-dos-fracassados/

domingo, 15 de maio de 2011

Férias, viagens e mais reflexões pedagógicas

Viajar de férias é muito bom, concordam? Ter novas experiências, ter mais tempo disponível, conhecer outros lugares e culturas, ver outras paisagens... Também esquecer da rotina estressante, das demandas, dos problemas, enfim... Desligar-se da realidade e permitir-se brincar e curtir melhor as boas coisas da vida. Como um romance.

Passeando por Santiago do Chile, dentre os vários e ótimos pontos turísticos visitados, um me chamou atenção. Ou melhor, chamou a atenção do meu lado reflexivo-pedagógico: o Museu Histórico Nacional. Não consigo achar a foto dele aqui agora, mas encontra-se fácil na rede...
Fiz esse passeio no primeiro dia,então já me deu um bom (embora superficial) conhecimento sobre a cidade e sua cultura. E dentre as várias informações expostas de variadas formas no museu, por exemplo quadros, vestimentas de época, acessórios, objetos históricos, registros escritos, cartas, maquetes da cidade etc., algumas fotos de professor e alunos se destacaram. Algumas tinham a referência do curso, da escola e da turma. Outras vinham com o escrito "Não identificado", mas estavam lá registrando a história daquele povo. E pela data, o que me espantou, de longas décadas atrás. Instantaneamente concluí porque o Chile tem tido destacado desempenho nos exames internacionais da educação básica (PISA) na América Latina. Pelo que percebi, há longas datas aquele povo tem uma cultura de capacitação, ou seja, uma valorização da educação. Não é por acaso.
Contrariamente ao Brasil, que tardiamente tornou, e ainda torna, acessível ao povo de fato, e não só à elite. Hoje, apesar de pública, lutamos pela escola pública democrática e de qualidade.
E pelos resultados das diversas avaliações (contestáveis, é bom lembrar) podemos perceber que muito ainda precisa ser feito em termos de Educação no Brasil!
Foto na entrada do Cerro Santa Lucia

sábado, 9 de abril de 2011

Educação e investimento

O programa globo news especial, do canal pago globo news, aborda o tema educação em quatro programas. No primeiro programa a educação é considerado um excelente investimento, e começar pela educação infantil é ótima estratégia.

De fato, a educação formal é considerada por muitos cientistas como um dos principais agentes de transformação e desenvolvimento sócio-econômico de um país. Por meio dela, cada cidadão tem a possibilidade do desenvolvimento de processos cognitivos que são necessários à vida cotidiana e ao mundo produtivo.
Com as mudanças econômicas mundiais, crescimentos em uns países e crises em outros, e com a implantação dos sistemas de avaliação da qualidade do ensino oferecido nas escolas brasileiras, os resultados dos desempenhos dos alunos têm chamado a atenção de diversos profissionais, principalmente empresários, economistas, cientistas sociais, dentre outros. Há ainda uma preocupação com a Educação no Brasil originada dos investidores estrangeiros com o interesse de planejar os rumos econômicos dos seus investimentos.
Em âmbito empresarial, a Teoria do Capital Humano relaciona a melhor capacitação do trabalhador com o aumento de produtividade. A formação escolar e profissional pode potencializar a capacidade de trabalho e de produção. A educação é considerada um investimento produtivo e independe das relações sociais de produção e da divisão de classes.
Apesar de ser um tema importantíssimo e que perpassa várias áreas de conhecimentos e vários cenários da sociedade, é preciso cuidado com os interesses capitalistas voltados unicamente para a formação de mão-de-obra qualificada.
A educação de qualidade, em uma perspectiva histórico-crítica, dialética, comprometida com a transformação social e com a consolidação da democracia, promove a construção de novos conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades e atitudes que resultem em sujeitos críticos, reflexivos, autônomos, capazes de mobilizar conhecimentos e procedimentos para solucionar problemas, para aplicar no trabalho, e para intervir no ambiente em que vive, e também capazes de se apropriarem da cultura acumulada.
Apesar das aceleradas mudanças que vem ocorrendo na sociedade, as escolas e as universidades não devem se voltar para as “necessidades estreitas da indústria e do comércio” (Silva, p.24). A educação deve ser protegida do processo de mercantilização.
Com certeza isso é conversa que “dá pano pra manga”. Assunto para outra postagem.

Referência
GENTILI, Pablo A. A. e SILVA, Tomas Tadeu da. (Orgs.). Neoliberalismo, qualidade total e educação: visões críticas. 5.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.

Todos pela educação

http://www.euvocetodospelaeducacao.org.br/

domingo, 16 de janeiro de 2011

O brincar e o desenvolvimento humano

O "caso doméstico" apresentado na postagem http://penultimasdesofia.blogspot.com/2011/01/consultando-o-vovo.html estimula uma reflexão sobre a brincadeira, o brincar, no desenvolvimento infantil, atividades lúdicas promovidades principalmente nas escolas de educação infantil.
Considerando algumas principais teorias sobre desenvolvimento humano, sabe-se que a ação humana está na base desse desenvovimento. E também, de acordo com os principais teóricos (Vygotsky, Piaget, Wallon), a interação da criança com outras crianças, com o ambiente, com os objetos, com os símbolos, com o social enfim, é um aspecto de grande importância nesse processo de desenvolvimento.
Uma das formas em que pode acontecer essa interação, a mediação do outro no campo social, é o brincar.
O brincar está "relacionado a divertimento, recreação, entretenimento, distração - quer seja com objetos (brinquedos), jogos ou através de atividades corporais ou imaginativas " (Marinho, texto mimeo).
Segundo Marinho, "a característica psicológica do brincar está relacionada a ação da criança no mundo.
Vários teóricos do desenvolvimento concordam em afirmar que a criança desenvolve-se a partir de sua ação e interação no mundo, motivada por necessidades específicas."
O brincar propicia o desenvolvimento psicomotor e intelectual, quando há finalidade pedagógica, ou mesmo quando há finalidade recreativa. Também o desenvolvimento da socialização e da identidade.
Teóricos defendem que os benefícios dessas atividades lúdicas também podem ser obtidos em outros níveis escolares (fundamental, médio e superior).
Continua...

Referência
Marinho, Claisy. O lúdico no desenvolvimento infantil. Texto mimeo.